A Festa da Exaltação da Santa Cruz e os meus cinco anos de sacerdócio

Hoje é um grande dia! De um lado, a Igreja festeja a Exaltação da Santa Cruz e de outro, e de um modo muito particular, eu celebro os meus cinco anos de sacerdócio, servindo a Deus  e a Sua Igreja em um ministério que significa estar crucificado juntamente com Cristo, morrendo para o mundo e esforçando-me por viver em uma vida de entrega à Deus,  através do múnus ministerial ensinando a Palavra de Deus, guiando o povo de Deus como a um pastor guia o seu rebanho e santificando através da administração dos sacramentos, em especial a Sagrada Eucaristia, também por uma vida de oração, para que todos  os fiéis cheguem à salvação.

A Cruz de Cristo segue sendo, ainda hoje depois de quase dois mil anos da crucificação do Senhor, escândalo para alguns e loucura para outros (1Cor 1, 23).  Por essa razão seguir a Cristo ainda hoje implica em um grande desafio no qual, “muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos” (Mt 22, 14).

Mas o caminho da cruz, também conhecido como “via crucis” ou “caminho do calvário” é por excelência a rota do discipulado de Jesus, porque a Cruz representa para nós um caminho de salvação. Não se trata de um prazer masoquista como sendo um gosto pelo sofrimento, mas é porque a Cruz é o sinal que nos une totalmente a Cristo permitindo-nos uma participação efetiva no Seu Mistério e que nos faz compreender o Amor de Deus por nós.

Este mistério só é revelado aos pobres e humildes de coração (Lc 10, 21). Por isso a linguagem da Cruz é escândalo e loucura (1Cor 1, 23).  Para alguns somos loucos porque renunciamos tudo para seguir a Cristo até a morte por Seu Amor; a outros escandalizamos porque somos uma total contradição aos modelos atuais da humanidade. Somos conhecidos pela nossa moralidade que combate e condena as formas de escravidão humanas através dos vícios, mas também pela nossa ação pastoral que liberta e combate os poderes deste mundo, contrários a vontade de Deus.  

Seguir a Cristo implica caminhar também com Ele pelo “caminho do Calvário” carregando nossa própria cruz, chorando os nossos pecados e espiando os de todos os fiéis até unir-nos plenamente com Jesus crucificado. E na medida em que carregamos a nossa cruz e a aceitamos por amor a Cristo, entendemos o convite de Jesus: “Vem e segue-me”(Lc  18, 22b), ou ainda, “quem quiser ser meu discípulo tome a sua cruz e me siga” (Lc 9, 23). E agradeço tanto a Deus por Ele ter me chamado e me escolhido para esta vocação. Às vezes fico pensando que ser padre é como ganhar numa loteria, de cada 13.000 pessoas no Brasil, apenas um é sacerdote. Obrigado meu Deus!