quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A luta contra o terrorismo e o esforço pela paz



Importante documento para reflexão! Rezemos pela Paz!

Mensagem do Papa João Paulo II na comemoração do dia mundial pela paz  de 1º de Janeiro de 2002. No final oração pela paz e contra o terrorismo. Vale a pena!


MENSAGEM
DE SUA SANTIDADE
JOÃO PAULO II 
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ

1° DE JANEIRO DE 2002

 

NÃO HÁ PAZ SEM JUSTIÇA
NÃO HÁ JUSTIÇA SEM PERDÃO 

 

1. Este ano o Dia Mundial da Paz é celebrado tendo como pano de fundo os dramáticos acontecimentos do passado dia 11 de Setembro. Naquele dia, foi perpetrado um crime de terrível gravidade: em poucos minutos milhares de pessoas inocentes, de várias procedências étnicas, foram horrorosamente massacradas. Desde então, por todo o mundo as pessoas tomaram consciência, com nova intensidade, da sua vulnerabilidade pessoal e começaram a olhar o futuro com um sentido, jamais pressentido, de íntimo medo. Diante deste estado de ânimo, a Igreja deseja dar testemunho da sua esperança, baseada na convicção de que o mal, o mysterium iniquitatis, não tem a última palavra nas vicissitudes humanas. A história da salvação, delineada na Sagrada Escritura, projecta uma grande luz sobre toda a história do mundo ao mostrar como sobre ela vela sempre a solicitude misericordiosa e providente de Deus, que conhece os caminhos para sensibilizar mesmo os corações mais endurecidos e alcançar bons frutos mesmo de uma terra árida e infecunda. Esta é a esperança que anima a Igreja no início do ano 2002: com a graça de Deus este mundo, no qual as forças do mal parecem uma vez mais triunfar, há-de realmente transformar-se num mundo em que as aspirações mais nobres do coração humano poderão ser satisfeitas, num mundo onde prevalecerá a verdadeira paz.

 

A paz: obra de justiça e amor 

2. Os recentes acontecimentos, com os terríveis factos sangrentos aqui lembrados, estimularam-me retomar uma reflexão que frequentemente brota do mais íntimo do meu coração, quando lembro os acontecimentos históricos que marcaram minha vida, especialmente nos anos da minha juventude. 

Os indescritíveis sofrimentos de povos e indivíduos, vários deles meus amigos e conhecidos, causados pelos totalitarismos nazista e comunista, sempre interpelaram o meu espírito e motivaram a minha oração. Muitas vezes me detive a reflectir nesta questão: qual é o caminho que leva ao pleno restabelecimento da ordem moral e social tão barbaramente violada? A convicção a que cheguei, raciocinando e confrontando com a Revelação bíblica, é que não se restabelece cabalmente a ordem violada, senão conjugando mutuamente justiça e perdão. As colunas da verdadeira paz são a justiça e aquela forma particular de amor que é o perdão.

3. Mas, nas circunstâncias actuais, pode-se falar de justiça e, ao mesmo tempo, de perdão como fontes e condições da paz? A minha resposta é que se pode e se deve falar, apesar da dificuldade que o assunto traz consigo, e da tendência que há a conceber a justiça e o perdão em termos alternativos. Mas o perdão opõe-se ao rancor e à vingança, não à justiça. Na realidade, a verdadeira paz é « obra da justiça » (Is 32, 17). Como afirmou o Concílio Vaticano II, a paz é « fruto da ordem que o divino Criador estabeleceu para a sociedade humana, e que deve ser realizada pelos homens, sempre anelantes por uma mais perfeita justiça » (Const. past. Gaudium et spes, 78).

Há mais de quinze séculos que na Igreja Católica ressoa o ensinamento de Agostinho de Hipona, segundo o qual a paz, a ser conseguida com a colaboração de todos, consiste na tranquillitas ordinis, na tranquilidade da ordem (cf. De civitate Dei, 19, 13). 

Por isso, a verdadeira paz é fruto da justiça, virtude moral e garantia legal que vela sobre o pleno respeito de direitos e deveres e a equitativa distribuição de benefícios e encargos. Mas, como a justiça humana é sempre frágil e imperfeita, porque exposta como tal às limitações e aos egoísmos pessoais e de grupo, ela deve ser exercida e de certa maneira completada com o perdão que cura as feridas e restabelece em profundidade as relações humanas transtornadas. Isto vale tanto para as tensões entre os indivíduos, como para as que se verificam em âmbito mais alargado e mesmo as internacionais. O perdão não se opõe de modo algum à justiça, porque não consiste em diferir as legítimas exigências de reparação da ordem violada; mas visa sobretudo aquela plenitude de justiça que gera a tranquilidade da ordem, a qual é bem mais do que uma frágil e provisória cessação das hostilidades, porque consiste na cura em profundidade das feridas que sangram nos corações. Para tal cura, ambas, justiça e perdão, são essenciais. 

Estas são as duas dimensões da paz que desejo analisar nesta mensagem. O seu Dia Mundial oferece este ano, a toda a humanidade e de modo particular aos Chefes das Nações, a oportunidade de reflectir sobre as exigências da justiça e sobre o apelo ao perdão diante dos graves problemas que continuam a afligir o mundo, dos quais, não por último, o novo nível de violência introduzido pelo terrorismo organizado. 

 

O fenómeno do terrorismo 

4. É precisamente a paz baseada na justiça e no perdão que, hoje, é atacada pelo terrorismo internacional. Nestes últimos anos, especialmente após o fim da guerra fria, o terrorismo transformou-se numa rede sofisticada de conluios políticos, técnicos e económicos, que ultrapassa as fronteiras nacionais e se estende até abranger o mundo inteiro. Trata-se de verdadeiras organizações, dotadas frequentemente de enormes recursos financeiros, que elaboram estratégias em vasta escala, atingindo pessoas inocentes, de forma alguma envolvidas nos objectivos que se propõem os terroristas. 

Usando os seus mesmos sequazes como armas para atingir pessoas incautas e indefesas, estas organizações terroristas manifestam de modo assustador o instinto de morte que as alimenta. O terrorismo nasce do ódio e gera isolamento, desconfiança e retraimento. A violência atrai violência, numa trágica espiral que arrasta também as novas gerações, herdando elas assim o ódio causador das divisões precedentes. O terrorismo baseia-se no desprezo da vida do homem. Precisamente por isso, dá origem não só a crimes intoleráveis, mas constitui em si, enquanto recorre ao terror como estratégia política e económica, um verdadeiro crime contra a humanidade.

5. Existe, portanto, um direito a defender-se do terrorismo. É um direito que deve, como qualquer outro, obedecer a regras morais e jurídicas na escolha quer dos objectivos quer dos meios.

A identificação dos culpados deve ser devidamente provada, porque a responsabilidade penal é sempre pessoal, não podendo por isso ser estendida às nações, às etnias, às religiões a que pertencem os terroristas. A colaboração internacional na luta contra a actividade terrorista exige também um empenho particular do ponto de vista político, diplomático e económico para resolver, com coragem e determinação, eventuais situações de opressão e marginalização que estejam na origem dos objectivos terroristas. O recrutamento dos terroristas, de facto, é mais fácil em contextos sociais onde os direitos são espezinhados e as injustiças longamente toleradas. 

No entanto, deve-se afirmar claramente que as injustiças existentes no mundo jamais podem ser invocadas como desculpa para justificar os atentados terroristas. Além disso, deve-se assinalar que, entre as vítimas da derrocada radical da ordem intentada pelos terroristas, incluem-se em primeiro lugar os milhões de homens e mulheres menos preparados para resistir ao colapso da solidariedade internacional. Refiro-me especificamente aos povos em vias de desenvolvimento, que já vivem no limite ínfimo da sobrevivência e que seriam os mais dolorosamente atingidos pelo caos político e económico global. A falsidade da pretensão que se arroga o terrorismo de agir em nome dos pobres é patente.

 

Não se mata em nome de Deus! 

6. Quem mata, com actos terroristas, cultiva sentimentos de desprezo pela humanidade, manifestando desespero pela vida e pelo futuro: nesta perspectiva, tudo pode ser odiado e destruído.

O terrorista considera a verdade em que crê ou o sofrimento que padece tão absolutos que legitimam a sua reacção de destruir inclusivamente vidas humanas inocentes. Por vezes, o terrorismo é filho de um fundamentalismo fanático, que nasce da convicção de poder impôr a todos a aceitação da sua própria visão da verdade. Mas a verdade, uma vez alcançada — e isto verifica-se sempre de forma limitada e imperfeita — jamais pode ser imposta. O respeito pela consciência alheia, na qual se reflecte a mesma imagem de Deus (cf. Gn 1, 26-27), permite apenas propôr a verdade ao outro, a quem compete depois acolhê-la responsavelmente. Pretender impôr aos outros com violência aquela que se presume ser a verdade, significa violar a dignidade do ser humano e, em última instância, ultrajar a Deus, de quem aquele ele é imagem. Por isso, o fanatismo fundamentalista é um comportamento radicalmente contrário à fé em Deus. Visto de outro modo, o terrorismo instrumentaliza não somente o homem, mas também Deus, acabando por fazer d'Ele um ídolo de que se serve para os seus próprios fins.

7. Por isso, nenhum responsável das religiões pode ser indulgente para com o terrorismo e, muito menos, pregá-lo. É profanação da religião proclamar-se terrorista em nome de Deus, cometer violência ao homem em nome de Deus. A violência terrorista é contrária à fé em Deus Criador do homem, em Deus que cuida e ama o homem. E de modo particular, ela é totalmente contrária à fé em Cristo Senhor, que ensinou os seus discípulos a rezar: « Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido » (Mt 6, 12). Seguindo a doutrina e o exemplo de Jesus, os cristãos estão convencidos de que usar de misericórdia significa viver plenamente a verdade da nossa vida: podemos e devemos ser misericordiosos, porque usou de misericórdia para connosco um Deus que é Amor misericordioso (cf. 1 Jo 4, 7-12). Aquele que nos redime mediante o seu ingresso na história e, através do drama da Sexta-feira Santa, prepara a vitória do dia de Páscoa, é um Deus de misericórdia e de perdão (cf. Sal 103(102), 3-4.10-13).

Aos que O criticavam por comer com os pecadores, Jesus assim se exprimiu: « Ide aprender o que significa: prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque não vim chamar os justos, mas os pecadores » (Mt 9, 13). Os seguidores de Cristo, baptizados na sua morte e ressurreição, devem ser sempre homens e mulheres de misericórdia e de perdão.

 

A necessidade do perdão 

8. Mas o que significa concretamente perdoar? E perdoar porquê? Uma dissertação sobre o perdão não pode ignorar estas questões. Retomando uma reflexão que já tive ocasião de oferecer no Dia Mundial da Paz de 1997 (« Oferece o perdão, recebe a paz »), desejo recordar que o perdão, antes de ser um facto social, tem a sua sede no coração de cada um. Somente na medida em que se afirmam uma ética e uma cultura do perdão, é que se pode esperar numa « política do perdão », expressa em comportamentos sociais e instrumentos jurídicos, nos quais a mesma justiça assuma um rosto mais humano. 

Na verdade, o perdão é primariamente uma decisão pessoal, uma opção do coração que vai de encontro ao instinto espontâneo de devolver o mal com o mal. Tal opção tem o seu termo de comparação no amor de Deus, que nos acolhe apesar do nosso pecado, e o seu modelo supremo no perdão de Cristo que do alto da cruz rezou: « Perdoa-lhes, ó Pai, porque não sabem o que fazem » (Lc 23, 34). 

O perdão tem pois uma raiz e uma medida divinas. Isto, porém, não exclui que se possa acolher o seu valor também à luz de considerações humanas razoáveis. A primeira delas deriva da experiência que o ser humano vive em si próprio quando comete o mal: ele apercebe-se então da sua fragilidade e deseja que os outros sejam indulgentes para com ele. Deste modo porque não fazer aos outros aquilo que cada um espera que seja feito a si próprio? Cada ser humano abriga dentro de si a esperança de poder retomar o percurso da vida sem ficar para sempre prisioneiro dos próprios erros e culpas. Sonha poder levantar de novo o olhar para o futuro, para descobrir ainda perspectivas de confiança e empenho.

9. Como acto humano, o perdão é antes de mais uma iniciativa individual do sujeito na sua relação com os seus semelhantes. Porém, a pessoa tem uma dimensão social essencial, que lhe permite estabelcer uma rede de relações com a qual se exprime a si mesma: infelizmente não só para o bem, mas também para o mal. Consequentemente, o perdão torna-se necessário também a nível social. As famílias, os grupos, os Estados, a mesma Comunidade internacional, necessitam de abrir-se ao perdão para restaurar os laços interrompidos, superar situações estéreis de mútua condenação, vencer a tentação de excluir os outros, negando-lhes a possibilidade de apelo. A capacidade de perdão está na base de cada projecto de uma sociedade futura mais justa e solidária. 

 Pelo contrário, a falta de perdão, especialmente quando alimenta o prolongamento de conflitos, supõe custos enormes para o desenvolvimento dos povos. Os recursos são destinados para manter a corrida aos armamentos, as despesas de guerra, as consequências das represálias económicas. Acabam assim por faltar os recursos financeiros necessários para gerar desenvolvimento, paz e justiça. Quantos sofrimentos padece a humanidade por não saber reconciliar-se, e quantos atrasos por não saber perdoar! A paz é a condição do desenvolvimento, mas uma verdadeira paz torna-se possível somente com o perdão.

 

O perdão, estrada mestra 

10. A proposta do perdão não é de imediata compreensão nem de fácil aceitação; é uma mensagem de certo modo paradoxal. De facto, o perdão implica sempre uma aparente perda a curto prazo, mas garante, a longo prazo, um lucro real. Com a violência é exatamente o contrário: opta-se por um lucro de vencimento imediato, mas prepara para depois uma perda real e permanente. À primeira vista, o perdão poderia parecer uma fraqueza, mas não: tanto para ser concedido quanto para ser aceito, supõe uma força espiritual e uma coragem moral a toda a prova. Em vez de humilhar a pessoa, o perdão leva-a a um humanismo mais pleno e mais rico, capaz de reflectir em si um raio do esplendor do Criador. 

O ministério que realizo ao serviço do Evangelho faz-me sentir vivamente o dever, e dá-me por sua vez a força, de insistir sobre a necessidade do perdão. É o que faço hoje, animado pela esperança de poder suscitar reflexões serenas e maduras que levem a uma renovação geral no corações das pessoas e nas relações entre os povos da terra.  

11. Ao meditar sobre o tema do perdão, não é possível deixar de recordar algumas trágicas situações de conflito, que há demasiado tempo alimentam ódios profundos e dilacerantes, com a consequente espiral de tragédias pessoais e colectivas sem fim. Refiro-me, particularmente, àquilo que sucede na Terra Santa, lugar bendito e sagrado do encontro de Deus com os homens, lugar da vida, morte e ressurreição de Jesus, o Príncipe da paz. 

A delicada situação internacional põe em destaque, com vigor renovado, a urgência da solução do conflito árabe-israelita, que perdura há mais de cinquenta anos, oscilando em fases mais ou menos agudas. O contínuo recurso a actos de terrorismo ou de guerra, que agravam a situação de todos e ensombram as perspectivas, deve dar finalmente lugar a uma negociação definitiva. Os direitos e as exigências de cada um poderão ser levados em devida consideração e contemplados equitativamente, se e quando prevalecer em todos a vontade de justiça e de reconciliação. Dirijo novamente àqueles amados povos o veemente convite a que se empenhem por uma nova era de mútuo respeito e colaboração construtiva.  

 

Compreensão e cooperação inter-religiosa 

12. Neste grande esforço, os líderes religiosos têm uma sua responsabilidade específica. As confissões cristãs e as grandes religiões da humanidade devem colaborar entre si para eliminar as causas sociais e culturais do terrorismo, ensinando a grandeza e a dignidade da pessoa e incentivando uma maior consciência da unidade do género humano. Trata-se de um campo concreto do diálogo e da colaboração ecuménica e inter-religiosa, colocando as religiões ao serviço da paz entre os povos. 

De modo particular, estou convencido de que os líderes religiosos judeus, cristãos e muçulmanos devem tomar a iniciativa da pública condenação do terrorismo, recusando toda a forma de legitimação religiosa ou moral a quem dele participa.  

13. Testemunhando unanimemente a verdade moral de que o assassínio deliberado do inocente é sempre um pecado grave, em toda a parte e sem excepções, os líderes religiosos do mundo favorecerão a formação de uma opinião pública moralmente correcta. Este é o pressuposto necessário para a edificação de uma sociedade internacional capaz de procurar a tranquilidade da ordem na justiça e na liberdade. 

Um compromisso nesta linha por parte das religiões não deixará de conduzir à estrada do perdão, que leva à recíproca compreensão, ao respeito e à confiança. O serviço que as religiões podem prestar em prol da paz e contra o terrorismo consiste precisamente na pedagogia do perdão, porque o homem que perdoa ou pede perdão entende que existe uma Verdade maior do que ele e, acolhendo-a, consegue ele mesmo transcender-se a si próprio.  

 

Oração pela paz 

14. Precisamente por este motivo, a oração pela paz não é um elemento que « vem depois » do empenho pela paz. Pelo contrário, está no âmago do esforço para a edificação de uma paz na ordem, na justiça e na liberdade. Orar pela paz significa abrir o coração humano à irrupção da força renovadora de Deus. Com a força vivificadora da sua graça, Ele pode criar oportunidades para a paz mesmo onde pareça que existam somente obstáculos e retraimento; pode reforçar e ampliar a solidariedade da família humana, apesar de velhas histórias de divisões e lutas. Orar pela paz significa rezar pela justiça, por um recto ordenamento no âmbito das Nações e nas relações entre elas. Quer dizer também rezar pela liberdade, especialmente pela liberdade religiosa, que é um direito humano e civil fundamental de cada indivíduo. Orar pela paz significa rezar para alcançar o perdão de Deus e, ao mesmo tempo, crescer na coragem de que necessita quem, por sua vez, quer perdoar as ofensas sofridas. 

Por todos estes motivos, convidei os representantes das religiões do mundo para virem a Assis, a cidade de São Francisco, no próximo dia 24 de Janeiro, rezar pela paz. Deste modo, queremos mostrar que o genuíno sentimento religioso é uma fonte inesgotável de mútuo respeito e de harmonia entre os povos: antes, nele reside o principal antídoto contra a violência e os conflitos. Neste tempo de grave preocupação, a família humana necessita que lhe sejam recordadas as razões seguras da nossa esperança. É isto mesmo que queremos proclamar em Assis, pedindo a Deus Omnipotente— conforme a sugestiva expressão atribuída ao mesmo São Francisco — que faça de nós um instrumento da sua paz.  

15. Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: eis o que quero anunciar nesta Mensagem a crentes e não crentes, aos homens e mulheres de boa vontade, que têm a peito o bem da família humana e o seu futuro. 

Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: é o que quero lembrar aos que detêm as sortes das comunidades humanas, para que nas suas graves e difíceis decisões, se deixem sempre guiar pela luz do verdadeiro bem do homem, na perspectiva do bem comum. 

Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão: não me cansarei de repetir esta advertência a todos os que, por uma razão ou por outra, cultivam dentro de si ódio, desejo de vingança, propósitos de destruição. 

Neste Dia da Paz, suba mais intensa no coração de todo o crente a prece por cada uma das vítimas do terrorismo, pelas suas famílias atingidas tragicamente, e por todos os povos que o terrorismo e a guerra continuam a ferir e a transtornar. Nem sejam excluídos do raio de luz da nossa oração aqueles que ofendem gravemente Deus e o homem, através destes actos desumanos: seja-lhes concedido entrar em si próprios e tomar consciência do mal que fazem, abandonando qualquer propósito de violência e procurando o perdão. Possa a família humana, nestes tempos tormentosos, encontrar paz verdadeira e duradoura, aquela paz que só pode nascer do encontro da justiça com a misericórdia!   

Vaticano, 8 de Dezembro de 2001 

JOÃO PAULO II 

Fonte: VATICANO



Oração pela paz e pelo fim do terrorismo
Cardeal arcebispo de Madrid, D. Antonio Maria Rouco

(tradução adaptada)

 

"Pelo(a) (diz-se aqui o nome do país, da  região ou pelo mundo),
para que cesse e desapareça o terrorismo e toda semente de violência,
que os terroristas e os seus financiadores se convertam,
 que os ameaçados encontrem ajuda cristã,
que as vítimas falecidas consigam o descanso eterno,
os sobreviventes e seus familiares o consolo e o amor fraterno,
e todos a paz de Deus.
Roguemos ao Senhor"


Original em espanhol:


Oración por la paz, por el fin del terrorismo
Cardenal arzobispo de Madrid, D. Antonio María Rouco

"Por (España, Colombia u otro país, región o por el mundo),
para que cese y desaparezca el terrorismo y todo germen de violencia,
los terroristas y sus inductores se conviertan,
los amenazados encuentren ayuda cristiana,
las víctimas alcancen el descanso eterno,
sus familiares el consuelo y el amor fraterno,
y todos la paz de Dios.
Roguemos al Señor"

Fonte: CORAZONES


ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO MEDITADA

Senhor,

Ó Deus, sois o único Senhor de nossa vida, de nosso coração e de nosso destino. Libertai-nos dos falsos senhores que nos iludem com suas promessas, pois não trazem nem vida nem paz. Dai-nos força para resistir e para buscar a paz através da justiça e do serviço humilde a todos. Amém

Fazei-me um instrumento de vossa paz

Senhor, fazei-nos instrumento de vossa paz na medida em que procurarmos viver em paz com nós mesmos, com a comunidade mais próxima, com a sociedade desigual e no meio dos priores conflitos. Que possamos nos esforçar para suportar tensões e contradições, buscando manter comunhão com todas as criaturas e tornando visível a vossa paz. Amém

Onde houver ódio, que eu leve o amor

Senhor, onde houver ódio, que eu leve o amor. Fazei que desentranhemos de nós o amor escondido sob as cinzas de ódios secretos. Que nosso amor aos outros suscite o amor escondido neles, capaz de transformar o ódio. Fazei que o amor incendeie nossos corações, irradie em nossas atitudes e se realize em nossas ações, para que o ódio não tenha mais lugar dentro de nós. Amém.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão

Senhor, onde houver ofensa, que eu leve o perdão. No dia em que fizerdes o balanço de nossa história, perdoai os que ofenderam e humilharam nossos irmãos e irmãs, pois eles também são vossos filhos e filhas. Mas dai-nos força para nunca fazermos o que eles fizeram. Antes tornai-nos seres de solidariedade, de compaixão e de amor ilimitado. Amém

Onde houver discórdia, que eu leve união

Onde há discórdia, que eu leve a união. Dai-nos sede de justiça, de compreensão e de tolerância para convivermos jovialmente uns com os outros. Dai-nos um coração que sinta o pulsar do coração do universo e de cada criatura, sintonizando com o vosso coração divino que tudo une, tudo diversifica e tudo faz convergir. Amém

Onde houver dúvida, que eu leve a fé

Senhor, onde houver dúvida, que eu leve a fé. Não deixeis que a dúvida apague as estrelas-guias que iluminam nossa caminhada. Dai-nos a fé-confiança que nos coloca em vossas mãos. Concedei-nos a fé-crença em vosso desígnio que nos quer reunidos em vosso reino junto com toda a criação. Amém

Onde houver erro, que eu leve a verdade

Senhor, onde houver erro, que eu leve a verdade. Fazei-nos corajosos na descoberta de nossos erros, especialmente daqueles que encobrem vossa presença em todas as coisas. Que a verdade brilhe por nossas palavras sinceras, por nossos gestos humanizadores, por nossas intenções puras e por nossa busca permanente de fidelidade à verdade. Nunca permitais que oprimamos os outros em nome da verdade religiosa. Amém

Onde houver desespero, que eu leve esperança

Senhor, onde houver desespero, que eu leve a esperança. Que eu seja solidário na luta dos que buscam a justiça. Que saiba criar uma atmosfera de confiança ilimitada no vosso misterioso projeto de amor. Que tenha palavras inspiradas para suscitar a esperança inarredável de vivermos para sempre em vossa casa com todos os que precederam na história. Amém

Onde houver tristeza, que eu leve alegria

Senhor, onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Fazei que a minha alegria nasça da compaixão sincera pelos que sofrem, da solidariedade verdadeira com os injustiçados e de minha própria conversão à fraternidade universal. Amém

Onde houver trevas, que eu leve a luz

Senhor, onde houver trevas, que eu leve a luz. Vós sois a luz verdadeira que ilumina cada pessoa que vem a este mundo. Fazei que eu possa, por palavras inspiradas, por gestos consoladores e por um coração caloroso, dissipar as trevas humanas para que vossa luz nos mostre o caminho e trazer alegria à vida. Amém

Ó Mestre,

Ó Mestre, fazei que em nosso interior ressoe vossa sabedoria e o exemplo de vossa coerência até a morte. Que sejamos vossos discípulos fiéis na medida em que realizarmos o que nos ensinais para sermos verdadeiramente instrumentos de amor e de paz. Amém

Fazei que eu procure mais consolar, do que ser consolado

Ó Mestre, que eu possa sair da minha própria dor para escutar o grito de quem sofre ao meu lado. Que tenha palavras que consolem e gestos que criem serenidade, entrega confiante e paz profunda. Amém

Fazei que eu procure mais compreender, do que ser compreendido

Fazei que consiga acolher o outro assim como é. Só assim o compreenderei como quero ser compreendido. Concedei-me ver o menor sinal de verdade, de bondade e de amor no outro para reforçá-lo e permitir que venha à plena luz. Amém

Fazei que eu procure mais amar, que ser amado

Ó Mestre, que eu acolha com generosidade e alegria o amor que me é dado, mas que me empenhe sobretudo em fazer com que os que me cercam se sintam amados. Fazei que nos sintamos amados por Vós para experimentarmos a suprema felicidade concedida nesta vida. Amém

Pois é dando que se recebe,

Ó Mestre, fazei-nos entender que dando generosa e gratuitamente receberemos também com superabundância tudo o que precisamos. Que possamos orientar nossa vida pela generosidade que nos devolverá sempre mais compreensão, mais acolhida e mais amor. Amém

É perdoando que se é perdoado

Ó mestre, muitas vezes e de muitos modos nos perdoastes ilimitadamente, como uma Mãe amorosa perdoa um filho. Fazei que perdoemos também nós a quem nos tem ofendido. E que nunca deixemos de crer na generosidade do coração, capaz de perdoar mesmo quando injustamente ferido por muitas ofensas. Amém

E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Ó mestre, ensinai-nos a viver de tal forma que acolhamos a morte como amiga e irmã. Ela não nos tira a vida, mas nos conduz à fonte de toda vida. Que possamos perceber na vida terrena o começo da vida celestial e eterna. Amém...

Fonte: PORTAL ANGELS

Nenhum comentário:

Postar um comentário